Senhoras e senhores, esta é a capa da Trip de outubro. Um especial sobre diversidade sexual. Há uns dois meses uma amiga me falou sobre esse tema e até pediu umas sugestões de pauta e enviei. Assim que esbarrar pela revista, vou comprar. Pelos temas que vi na capa, eles fugiram do lugar comum, o que muito me agrada.

Assim que a publicação divulgou sua capa vi muita gente dizendo “nossa, que tapa na cara da sociedade, parabéns Trip” ou então “A Trip fez o que a Globo até hoje não teve coragem de fazer”. Sinceramente, acho que a Trip não deu um tapa na cara da sociedade e muito menos fez o que a Globo nunca teve coragem de fazer. A Trip deu um soco no estômago de todos os gays e fez o que poucos gays tiveram coragem de fazer. Essa edição não é só pra falar com a sociedade heteronormativa, mas pra dar uma bela voadora em tudo aquilo que a massa média LGBT anda fazendo.

O público LGBT hoje conta com duas grandes publicações: a G Magazine e a Junior. A primeira, de conteúdo majoritariamente sexista, com homens de pouca roupa ou nenhuma. Essa publicação tem 13 anos e está sempre por aí desnudando famosos e anônimos, como a Playboy faz para o mundo há anos. A Junior, com poucos anos de banca, é uma revista mais comportada, voltada a um soft porn no máximo e com o enfoque mais jovem, uma espécie de Capricho Gay. Agora pegue todas as publicações. Veja quantas das 33 capas da Junior ou das 163 da G Magazine figuraram um beijo entre dois homens. Vou economizar seu tempo na busca: nenhuma. A G Magazine até publicou um ensaio com Alexandre Frota beijando um rapaz, mas essa foto foi pro interior da revista. É bem mais rotineiro ver trigêmeos nus, ou uma “trilogia do prazer” escancarada do que um beijo como fez a Trip. A Trip não precisou apelar pro sexismo. Não precisou reforçar a ideia do homossexual promíscuo guiado pela libido. A Trip sim respeitou o homossexual. As outras publicações só chumbaram a ideia de sexo-gueto-sexo-diva-sexo-sexo-consumo-diva-sexo.

Você diz que a Trip fez o que a Globo não teve coragem de fazer, mas quantas vezes você já deu um beijo no seu namorado no meio da rua? Nada adianta cobrar uma postura da TV que você não se dispõe a mostrar a sociedade. Quantas vezes você já deu a mão pro seu namorado num restaurante ou tentou não se esconder? A televisão, hoje pelo menos, apesar de todos os chavões em seus humoristicos, coloca o gay numa posição de mínimo respeito em sua teledramaturgia. E você? Se respeita? Respeita a diversidade sexual como um todo? Ou fica com o pensamento que “bissexual não existe, é coisa de homem que não sabe o que quer” ou exclui travestis e transexuais do seu convívio? Sim, porque isso existe no meio LGBT. Então, caros amigos (opa, revista errada), que tal olharmos um pouco mais pro nosso lindo rabinho antes de jogar bosta no ventilador?

Além da beleza da foto, a Trip é corajosa e bate na cara de todos os gays por não colocar esteriótipos ou fetiches. São dois homens. Eles se beijam. E isso basta. Passa a mensagem. A Trip ensina em outubro muito mais do que dizem suas chamadas. Ensina a todo mundo se misturar a população e parar com o pensamento segregado e de coitadismo. Ser gay é um mero detalhe. Ser gay, na verdade, não significa nada. Você é bem mais que com quem você transa ou deixa de transar.

Parabéns a Trip. Parabéns pelo questionamento. Parabéns pela coragem de expor que nós homossexuais não temos a coragem necessária pra mudar tudo. Parabéns por inserir o homossexual no universo. Parabéns por esse soco na boca do meu estômago.

PS: caso algum revoltoso não tenha percebido, uma dica: eu também sou homossexual. A diferença é que não forço uma barra pra me camuflar. Tampouco acho necessário alardear com quem eu transo. Antes de ser gay, sou um monte de outras coisas legais e mais uma cacetada de coisas babacas. E todo mundo é assim. Inclusive os heterossexuais.

 

 

 

Comentários em: "Muito além da capa da Trip" (86)

  1. Sempre vi a Trip como revista gay ideal por tratar a sexualidade de forma não-estereotipada, só faltava um ensaiozinho sensual com rapazes, que por ventura eu encontro na TPM. Por sua vez, Júnior e G exaltam um estilo de vida de gay classe média que não fazem muito a minha cabeça.
    Outro dia li algumas edições do Lampião da Esquina e fiquei impressionado em como a publicação ousava em vários sentidos no meio da ditadura. Se você ainda não viu, recomendo: http://www.grupodignidade.org.br/blog/?page_id=53
    No mais, obrigado por expressar algumas coisas que penso, mas tenho preguiça de escrever.

  2. Achei bacana! Vou comprar a revista =D

    Comecei a te ler aqui nesse blog e confesso que não tinha certeza se você era gay… Só depois de seguir no tumblr hehehehe

    Quanto a se mostrar na rua, bem… os gays que eu conheço tem profissões que os fazem achar melhor não se mostrarem… mas de fato, é preciso que muita coisa mude ainda…

    Eu, que sou dessas otimistas, acho que a gente chega lá!

    Acho você tão chato… deve ser por isso que simpatizei!

  3. Gostei demais do artigo. Parabéns. 😀

  4. romariano disse:

    Ótimo texto, João. Não tinha pensado a coisa por esse ponto de vista.
    Abraços

  5. Acho desnecessário esse lance de orgulho gay, orgulho hétero. Tenho orgulho de achar isso irrelevante na minha opinião sobre alguém. Mais uma vez, um ótimo texto, João. Parabéns! E parabéns também para a Trip, que de uns tempos pra cá vem surpreendendo bastante nos seus temas/capas. Grande revista! 🙂

    • G, a questão de orgulho não é NOSSA QUE ORGULHO EU SOU GAY CARAMBA, a ideia de orgulho é não precisar se esconder, é buscar por visibilidade. Got it? 🙂

      • Concordo João! Foi exatamente olhando por essa ótica que falei. A gente tem que ter orgulho da constante luta do movimento, dos direitos alcançados, mas não, como você mesmo disse, “que orgulho de ser gay e ponto final”. Orgulho eu tenho de quem eu sou, na totalidade. Orientação sexual é apenas mais um detalhe.

  6. Eu lembro da capa de uma revista chamada Sui Generis que mostrava um puta close de dois caras se beijando. No dia seguinte a capa foi proibida.

  7. Renata Arruda disse:

    “A Trip não precisou apelar pro sexismo. Não precisou reforçar a ideia do homossexual promíscuo guiado pela libido. A Trip sim respeitou o homossexual. As outras publicações só chumbaram a ideia de sexo-gueto-sexo-diva-sexo-sexo-consumo-diva-sexo.”

    Só precisam fazer a mesma coisa em relação às mulheres. Pq mesmo que finalmente tenham dado aos homossexuais um tratamento diferente (palmas pra Trip), as Trip Girls são a mesma coisa e vende a mesma ideia de que homem precisa de uma mulher gostosa na capa pra se interessar pela revista. Aliás, todas as capas de revista femininas, masculinas, gays, reforçam os estereótipos de cada grupo, e todas se voltam sempre pro sexo de alguma forma: seja querendo o corpo perfeito e dicas pra agarrar o gato, seja desnudando todo mundo pra chamar a atenção e reduzir o público a um monte de sexo. Poucas vezes fazem capas fora do comum, e geralmente são as mais bacanas. Quando a Trip tem duas capas, a segunda é sempre mais inspirada.

    Gosto muito da Trip, tem matérias mais legais que a da TPM, até. Mas não sinto a menor vontade de comprar, pelo sexismo.

    • Felipe Koch disse:

      A Trip sempre teve 2 opções de capa, uma com uma Trip Girl e outra sem. A maioria dos homens gostam de ver mulheres, e nem por isso são sexistas ou acham que as mulheres são objetos.

      • Erm… eu acho que exibir uma mulher seminua numa revista, como se estivesse exibindo um pedaço de picanha no açougue, é sim colocar a mulher como objeto. E olha que eu gosto de ver mulheres seminuas.

  8. ainda n sei o q dizer… mas estou pensando.
    por enquanto, só um FATALITY mesmo.
    bom texto, boas ideias.

    quer ser meu amigo? rsrsrsrs

    abs!

  9. Fiquei muito feliz e até emocionada com esta capa. E, João, você disse exatamente o que penso e com a diferença que sou hétero, minha melhor amiga é gay e cresci em uma casa(depois que minha mãe se separou do meu pai) em que duas irmãs da minha mãe eram casadas com outras mulheres, o que me tornou uma pessoa que nunca conseguiu entender por que os gays se “guetizavam”. Na minha casa sempre foi normal, tanto que as vezes sou supreendida por uma das minhas tias achar curioso eu chamar suas ex de tia até hoje. Ótimo texto, ótima edição da revista e espero que as pessoas acordem e sejam só seres humanos e que com quem elas durmam não importe para ninguém além delas.

    • “uma pessoa que nunca conseguiu entender por que os gays se “guetizavam”….

      Sério? A vítima agora é culpada?
      Quer entender por que as pessoas se “guetizam”? Pegue uma outra mulher e vá para um estação do metrô. Dê uns beijos nela…beijos normais, de carinho e afeto, nada de pegação… depois você me conta o que aconteceu!!!

  10. A JUNIOR se desculpava dizendo que não o fazia (capas com beijo entre homens) por “sofrer pressão dos distribuidores” ou algo parecido.

    Parabéns pelo post: mais um boa leitura aqui…

  11. seria mais interessante se o conteúdo da revista fosse independente da capa. É praticamente uma edição especial.

    @realwmarina

  12. Douglas Santiago disse:

    Prezados,

    Depois de ler essa crítica não posso deixar de compatilhar minha experiência sobre o assunto.

    Eu e meu namorado fomos ao teatro aqui em Governador Valadares, interior de MG. Subimos para o andar de cima para ficarmos mais a vontade e efetivamente ficamos durante algum tempo, até chegarem outros espectadores. Estavamos e continuamos de mãos dadas, então pus a minha cabeça sobre o ombro dele algumas vezes, e demos alguns beijos comportados.

    Apesar de eu saber que é direito meu, e que não estava em situação de inferioridade ou promíscua, deu aquele friozinho na barriga ao saber que tantas pessoas, inclusive crianças, nos olhavam enquanto nos beijavamos.

    O medo vem, não pelo fato de não sabermos que é direito nosso, mas de sabermos que os outros não o reconhecem como tal e podem se manifestar sobre isso.

    Ao final de um dos beijos, tivemos o desprazer de ouvir alguém susurrar ao fundo da platéia: “mas será que eles não percebem que estão em local público?”. Não estavamos em ato obsceno, apenas demonstrando o quanto nos amavamos e que estavamos juntos. Mas que dá medo, isso dá. Imagina parar todo um espetáculo com uma discussão sobre isso?

    Att;

    Douglas Santiago

  13. A Trip mandou muito bem, o teu texto idem…
    Um abraço.

  14. Belo texto, mas faço uma ressalva: sociedade/mídia é uma via de mão dupla. Não adianta culpar o gay que não dá a mão pro namorado na rua ou não o beija se ainda vivemos numa sociedade que espanca e mata homossexuais. Sabe o que me faz não tomar essas atitudes públicas? Medo. Medo de que alguém me machuque ou machuque meu namorado. Medo de ser espancado por skinheads na cidade mais evoluída do Brasil (cof, cof): São Paulo. Então, é disso que precisamos: veículos de comunicação que nos retratem tais quais somos, para que possamos viver tais quais somos, e vice-versa. Assim se constrói uma sociedade mais igualitária. Ou não é?

  15. Teu blog é muito foda, teus textos tão muito fodas e sinceros, curti demais, obrigado por compartilhar!

  16. João, adorei seu blog. Parabéns pela criatividade, coerência, inteligência e coragem de dizer o que pensa. Obrigada por compartilhar tantas ideias inovadoras! Este post sobre a capa da Trip está especialmente bom, e a partir de hoje adicionarei seu endereço aos meus favortitos e à minha lista no meu blog. Abração!

  17. Parabéms, João. Excelente, excelente, excelente. Me sinto um omisso em relação a causa. Tento vencer a cada dia meus próprios preconceitos, porque, e por mais clichê que possa ser, viver melhor. Obrigado.

  18. Renato disse:

    Eu beijo meu namorado na rua, não quero ser nenhuma diva, sou um homem normal e bem masculo na aparência, ando de mãos dadas e seguro a onda dos olhares e dos julgamentos (creio que por não me atingirem) tenho 1,90m e poucos tem coragem de mexer comigo. Não dou malhos em meu namorado na rua, acho que nem hetero deveria fazer isso, afginal tem hora pra tudo.
    Parabens pra revista, realmente precisamos de mais corajosos pra desestigmatizar o meio lgbt…

  19. Parabens pelo post ! 😀
    É exatamente isso…disse tudo.
    http://bearbeat.blogspot.com/
    Abraços

  20. leandro disse:

    Belo texto! Sempre compartilhei desta idéia: os gays devem se mostrar como são – gente comum, que tem qualidades e defeitos, que distribui afeto, que namora, que luta, que vive!
    Que este seja um passo para um mundo melhor pra todos nós 😉

  21. Leandro disse:

    Muito bom o texto. Foi uma porrada no meu estômago. Adorei e começarei a refletir mais a respeito. Incrível como a gente cobra uma postura da sociedade que não temos coragem de ter conosco mesmo. Muito obrigado.

  22. O diário de um gay não gay: sou homossexual disse:

    Sensacional. Eu faço o blog Dentro do Armário, site voltado a homossexuais que não seguem os esteriótipos e nem a ditadura que o meio gls quer implimir que somos só pessoas alegres e sexuais. Somos muito mais como você falou! Parabéns pelo blog e texto.

  23. q negócio é esse? hahahah!!

  24. Só chegaremos aonde queremos quando pararmos de nos dividir em função da nossa sexualidade.

  25. Ítalo Pereira disse:

    seu texto fez uma análise verdadeira e contundente. Parabéns!

  26. Nós lá da Trip também adoramos o seu texto, o link circulou muito por lá hoje! Que bom que a repercussão, com raras exceções, está sendo ótima!

  27. apesar de ter achado o texto um máximo, acho inválido o questionamento levantado acerca da “coragem” para mostrar a cara na rua. infelizmente não vivemos num mundo povoado por pessoas razoáveis. faz bem pouco tempo que pai e filho se abraçaram e um deles teve a orelha decepada por terem sido julgados como um casal gay. é muito bonita, além de ser latente, a vontade de gritar pro mundo inteiro que minha sexualidade não define meu caráter, mas existem riscos (altos) implícitos nessa tentativa. será que vale a pena correr risco, de vida muitas vezes, em prol de uma “liberdade” tão utópica? de qualquer forma, parabéns pelo texto. excelente de verdade.

  28. Luciano disse:

    Adorei a crítica e concordo em tudo. Enquanto os gays não se mostrarem para a sociedade, nada vai mudar. A capa dessa revista dos dois se beijando ficou maravilhosa. Falando em G Magazine, não se esqueçam que eles ainda têm a infeliz idéia de pagar modelos héteros ou que se dizem héteros quando não são. Alguns até se mostram, de alguma forma, homofóbicos depois de faturarem com o nosso dinheiro.

  29. só pra repetir aqui que sou seu fã e tals como sempre falo no twitter e tals enfim vim me repetir mesmo pq VOCÊ merece.

    e assim que chegar a revista na minha linda cidade do interior lerei-a com paixão (mesmo porque a linda da Miss Durante me avisou por uma msg no FB sobre essa edição da Trip).

    BEIJOS, SEU LINDO
    CB

  30. Robson Leandro da Silva disse:

    Parabéns pelo texto. Comprei a revista agora a pouco e, apesar de ainda não ter lido, acredito que essa edição da Trip já nasce histórica.

  31. Luciana de Alencar disse:

    Obrigada, cara.

  32. Você se contradisse quando afirmou não acha necessário alardear com quem você transa e elogiou a capa, pois foi o que a revista fez, alardear uma relação que é íntima, pessoal e que não sou obrigado a ficar vendo.

  33. Sim, revistas como G Magazine e Playboy são, praticamente, a mesma coisa, porém, em setnido opostos. Ambas são completamente ideologizadas e expressando o sexismo corrente da sociedade.

    Apelam pro instinto animal sexual do homem hetero e pra promiscuidade homo. O que é só uma maneira de perpetuar tais visões.

  34. Renata Silver disse:

    Sempre achei que a pessoa é muito além de sua sexualidade. Rotular alguém que é um monte de coisas só pelo que ela faz na cama é de uma babaquice extrema.
    Adorei o artigo, João Márcio.

  35. […] e leiam esse texto do @joaomarcio sobre o tema. […]

  36. Lucas Gasparotto disse:

    Essa merda está em todo o canto msm… Se eu já não tinha vontade de ver essa revista, agora entrou na lista do lixo do século… Ridículo isso…

  37. Maria Luiza disse:

    E você é um querido! Adorei a matéria, concordo e assino em baixo. Seu texto também é muito gostoso de ler. Me dá certa preguiça a comparação da Trip com a Rede Globo, isso nem deveria estar em pauta, não tem nada a ver. É como ir a pizzaria e pedir por sushi. Gosto do texto e da coragem da Trip, eles dão corda para questões e pessoas, sempre colocando olhar menos óbvio das situações. Sonho com o dia em que essa capa seria elogiada somente por ser linda, ter uma bela fotografia e chamadas para matérias interessantes. O dia em que não vamos mais precisar discutir isso, por que liberdade sexual será um postulado!! Um conceito instituído e óbvio como separação de lixo deveria ser, como o bom transporte público de qualidade deveria ser, como inclusão social…
    Muito obrigada por compartilhar suas ideias! Abraços! Malu

  38. Achei fantástico o que escreveu.
    Concordo plenamente, porque antes de hetero ou homo somos pessoas. Acho que essa divisão já é segregária.
    Parabéns!

  39. Marcus Vinícius disse:

    Seu texto dispensa comentários. PARABÉNS!

  40. Nossa… que péééééssimo seu discurso! (Desculpe-me, mas sou obrigado a reconhecer). Completamente heteronormativo. Lamento, mas seu sonho (que ficou claro na maneira com que escreve a matéria) é que os gays sejam como “casaizinhos” bem comportados, como o sonho dos heterossexuais… Tem mais algum chavão heteronormativo a expressar?

    Se a sua intenção é criticar a massificação de um conceito (de que TODOS os gays são promíscuos), eu concordo: a maneira mais fácil de julgar e distribuir violência a um grupo é destituindo-lhe de sua história e características diferentes… Mas a maneira com que fez isso, subverteu completamente a intenção: não só atacou a história única (todos são promíscuos), como deixou claro um posicionamento de que “respeito deve ser ‘não ser promíscuo'”.

    Os gays são o que são: promíscuos e não promíscuos! E graças! Ainda bem que… ainda que de forma pequena (muito pouco diferente do que os heteros, mas ainda assim diferentes) possamos inventar (ou acontecer como) novas subjetividades sexuais.

    Portanto… quando diz que “parabens à revista Trip, que ela realmente respeitou os homossexuais” e concorda com este conceito TRÁGICO e PATÉTICO de heteronormatividade… se equivale em homofobia a todos aqueles que quer atacar.

    • Se o Rodrigo não tivesse sido bastante grosseiro, aplaudiria o comentário dele… Embora concorde bastante com o conteúdo do que ele fala, não é necessário essa forma…hehehehhe

  41. Muito bom o post, já coloquei o blog nos meus favoritos.

    Quero ser o primeiro a comprar a revista!

  42. Seu texto é legal e acho admirável seu estilo raivoso. Parabéns por ele. Agora, penso que concordo com muita coisa , mas discordo de outras. Em primeiro lugar, você analisa apenas o momento atual, como se não houvesse um antes ou um passado na nossa luta. Sou um militante muito velho, matusalém mesmo e co-fundador do Somos, em 1978. E posso te dizer que no final dos anos ’90 , acho que em 1998, a revista gay SUI GENERIS publicou, sim, um delicioso beijo na boca entre dois homens. Mas a homofóbica distribuidora editorial Fernando Chinalia recolheu as revistas já distribuídas e envolveu com um plástico opaco, antes de voltar para as bancas… imagine você, uma censura porca como todas as censuras o são, mas esta vinda da distribuidora que é paga para distribuir, quem nem devia se meter nisso. Foi bem grave. Ou seja, há 13 anos atrás havia mais ousadia. Outra coisa que não consigo concordar é quando você fala: “Ser gay é um mero detalhe. Ser gay, na verdade, não significa nada. Você é bem mais que com quem você transa ou deixa de transar.” . Eu acho que ser gay é tudo, espero que você não generalize mais. Digo isso por que a dimensão de ser diferente numa sociedade de iguais, normativa, que enxerga a heterossexualidade como única forma possível de sexo, união, amor e afeto, todos os preconceitos que recebi na vida, cotidianamente, um por um, me fizeram ver que ser gay também pode ser muita coisa, pode definir todo o seu caminho perante a vida e a morte, ampliar o seu olhar e não perguntar por quem os sinos dobram, eles dobram por mim., Não fosse gay, eu provavelmente seria um hétero escroto e medíocre, como é o meu irmão mais velho, evangélico fundamentalista. A dor – não a estou defendendo! – e o prazer ampliaram a minha visão do mundo.
    De todo o modo, precisamos muito de suas críticas. Cansei-me das duas revistas voltadas para uma elite gay, que vive numa bolha de conforto e que compra direitos, como o André Fischer, que recentemente teve a falta de visão e não notou que os sinos também batiam por ele, ao culpar as vitimas de assassinatos homofóbicos, dando um grande desconto ao assassino.
    Enfim, é só isso.
    Obrigado,
    Ricardo Aguieiras
    aguieiras2002@yahoo.com.br

  43. Violett lolipop disse:

    Acho otimo nao exibir o orgulho entre a diversidade sexual mas sim A IGUALDADE afinal de contas, cada um sabe de si e se alguem é gay ou não o problema é da pessoa. eu tenho amigos maravilhosos q nao troco por nada!! gay ou não sao meus amigos e nao deixam de ser MARAVILHOSOS. A QUESTAO sexual de cada um importa somente a si nao aos outros. essa é minha opiniao. Pregar a IGUALDADE nao o ORGULHO.

  44. Violett lolipop disse:

    eu com certeza comprarei a TRIP sempre achei uma otima revista com materias interessantes e cultas!! PARABENS A TRIP PELA INICIATIVA!!!

  45. Luiz Paulo disse:

    Excelente tapa na cara de todos, e como vc disse principalmente dos GAYS q n tem coragem de beijar alguem em lugar q n é gls ou escondido. N tem disso comigo n, se quiser beijar qm esta cmg bjo em qlqr lugar, pois enquanto a maoria dos GAYS ainda estiverem no “armario” p essas situaçoes publicas a sociedade n se acostumara e aceitara isso.
    Bjo p vc, adorei o blog voltarei c mais frequencia.

  46. Cara… A reportagem por si só só do C¨%$&(@$ ! E vc ainda fez questão de resumi-la M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A-M-E-N-T-E BEM ! A minha postura é de que o “preconceito” é um câncer que começa dentro do individuo e o deixa debilitado e deformado de dentro para fora! Não adianta alardear movimentos, conceitos, eventos, “beijos televisivos” de outras pessoas sendo que a maior parte de nos não temos o mesmo peito para fazer isso. Em suma fico feliz (não só pelo seu texto, pela TRIP, mais também por alguns comentários aqui) em saber que não estou sozinho!

    ….

    E se tiver também que Fo#$% ! ! ! Eu vim ao mundo com a obrigação de ser feliz e faço isso diariamente sem pretensão e com muito cuidado para não ferir ninguém!

    Mais uma vez MEU PARABÉNS ! ! !

  47. Fábio disse:

    Foda. Meu estômago tá doendo. Parabéns!

  48. Jr GO MG disse:

    A Junior falou de surfistas gays, skatistas gays, numa materia da edicao do mes passado ou retrasado. Acho que voce devia ler mais do que uma edicao antes de tirar suas conclusoes, doninho da verdade. A trip vive publicando uma gostosa na capa, devia publicar um gostoso mes que vem. Isso sim seria ousado. Afinal de contas, o beijo gay … que que tem o beijo gay? Capa apelativa, total.

  49. Casado bisex disse:

    Adorei o que você escreveu. Quero comprar a revista mas sou hétero,casado com mulher, ou melhor dizendo, sou bissexual e a única pessoa que sabe é uma mulher, amiga e lésbica. Sabe o que a própria me disse? “você tem que se assumir gay e parar com essa pouca vergonha de pegar homem e mulher.” Ou seja, você apenas ratificou o que já sabia, os gays são em sua grande maioria os maiores preconceituosos. Mas vou comprar a revista e ler nem que seja escondido no banheiro, rssss Parabéns!

  50. Alan disse:

    Ah tá.. agora pega o seu namorado e lasca um beijaço na boca dele na esquina da augusta com a paulista as 2 da matina e aproveita pra dar uma volta pelas redondezas.. Vc vai ver o qto vc vai ser valorizado pelas inúmeras coisas q vc é além de ser gay…

  51. Rapaz, você foi brilhante!
    Ótimos argumentos, defendidos com emoção e pautados em reflexão própria.
    Passei adiante.
    Abraço!

  52. Angélica disse:

    João, seu lindo. Não sou gay e eu já te amo. E apesar de concordar um tantinho com o Rodrigo aí de cima, entendi seu ponto. Rodrigo, não seja tão crítico, meu bem. Sabe qual é a merda? As pessoas discutem de mais sobre a vida/comportamento/atitudes/intenções dos outros (que no fim das contas, não passam de conjecturas – afinal, quem já esteve naqueles sapatos?) e vivem de menos a própria vida. Que cada um seja o que é, e amém.

  53. Bruno P; disse:

    – Gay normativo? ‘ Não precisou reforçar a ideia do homossexual promíscuo guiado pela libido. A Trip sim respeitou o homossexual.’
    – ‎’Além da beleza da foto, a Trip é corajosa e bate na cara de todos os gays por não colocar esteriótipos ou fetiches. São dois homens. Eles se beijam. E isso basta. Passa a mensagem. A Trip ensina em outubro muito mais do que dizem suas chamadas. Ensina a todo mundo se misturar a população e parar com o pensamento segregado e de coitadismo. Ser gay é um mero detalhe. Ser gay, na verdade, não significa nada. Você é bem mais que com quem você transa ou deixa de transar.’
    Sobre o acima: a Trip reforça o q muitos vêm fazendo: vc só deve ser respeitado se respeitar o gênero q sua genitália sugere, ou seja, ser gay-macho é respeitável, afeminado não.

    Achei o artigo pouco questionador do conteúdo da revista e mesmo da capa. Todas as indicações da capa, como deveria ser de se esperar, são dirigidas a uma ideia normativa de gay médio, classe média alta, modelo familiar, pouco ‘espalhafatoso’, não afeminado. A palavra ‘respeito’, neste caso, esbarra necessariamente por um ideal moralista.

    Não sei o autor desconhece ou não cita propositalmente, mas a Sui Generis já publicou uma capa com dois homens se beijando há muitos anos atrás. Veja no link: http://grupomm.mmonline.com.br/noticias.mm?url=Sui_Generis_volta_as_bancas_depois_de_censura_da_distribuidora

  54. Adalto disse:

    Estar de acordo com aquilo que não parece ser nada natural ou ter que provar isso, seja por força ou por apelos constantes em mídia ou qualquer meio de comunicação, como uma tentativa de mostrar que “nós existimos” ou “estamos aqui”, mostra claramente que adicionar a sociedade uma nova sociedade, está mais do que claro que estamos diante de uma situação anti natural que perdura somente enquanto estivermos passando nesse plano terrestre, pois enquanto estivermos aqui o “joão” poderá ser “Maria” a “Maria” poderá se passar por “João”, mas depois que nos encontrarmos no ponto final da vida de todo o ser humano, o “João” volta a ser “João” e a “Maria” volta a ser “Maria”, em outras palavras seremos sempre o que sempre somos fisiologicamente, na lápide da humanidade o médico legista sempre encerrará homem ou mulher, não tem saída, somente dois caminhos.
    Por mais odioso que pareça ser esse comentário, no fundo um dia temos que encontrar com a realidade.
    Mas sonhemos e vivamos enquanto mortais, assim caminha a humanidade.

  55. parabéns pelo texto! não mudaria uma vírgula.

  56. Beto Bassoth disse:

    Obrigado João Márcio por usar a minha voz e saber expressá-la tão bem!

  57. Henrique disse:

    Kd q em Recife ainda não chegou ??!!! Será q vem???!!!!
    :O

  58. Lindo o texto, João. Concordei com tudo e acho que muita gente precisa lê-lo e refletir sobre.

    Um beijo e parabéns!

  59. alexandre montenegro disse:

    mandou muito bem, joão márcio!
    e parabéns mesmo pra trip por, acima de tudo, fazer uma reportagem que foge da defesa de rótulos GLBTTZWO..

  60. Yuri disse:

    Parabéns pelo texto, concordo totalmente com você. Há um tempo atrás escrevi um texto falando quase que a mesma coisa, dá uma olhadinha se tiver tempo =) http://desacato.info/2011/09/militancia-se-faz-todo-dia/

  61. Marcos Costa disse:

    A única edição da finada revista Sui Generis que mostrou um beijo entre dois homens na capa foi às bancas lacrada! Mas eram outros tempos.
    Daqui de Amsterdam acompanho com satisfação os avanços citados. Os amigos holandeses dizem que tb já passaram por isso. Nos anos 70 do século passado.
    Abç.

  62. Ótima resenha. Gnhou um leitor.
    Abraço!

  63. Excelente post! compartilhei! O final então, melhor ainda. Eu não sou gay e faço campanha sempre por esse posicionamento que vc coloca no final do post: porque um ser humano com uma série de virtudes tem que ser enxergado através de um único rótulo, de cunho íntimo, que em nada deveria interessar a quem quer que seja. Parabéns!

  64. TiwBras disse:

    olá joão td joia? tenho o blog Testosteronas em fúria que apesar de ser recente esta com um certo quê de polemico… esses dias um cara me perguntou pelo face se eu não ia escrever algo sobre a Trip desse mês exatamente pelo tema dela este mês. eu li a materia e estava EXATAMENTE escrevendo o que vc escreveu aqui no seu blog. hehe vou precisar reescrever porque senão vai ficar parecendo plagio. pro isso te falo uma coisa em caixa alta ainda: MUUUITO OBRIGADO POR NÃO SER SÓ MAIS UM NA MULTIDÃO, VC PENSA, VC NÃO TEM MEDO, VC É UM GAY DE VERDADE!!!!! e sim ser gay é só mais uma caracteristica que nos torna humanos, assim como ser canhoto, ou calvo, ou míope… tomara que não demore muito tempo pra isso ser simples assim… se quiser seguir o blog fique a vontade, ficarei honrado. testosteronasemfuria.blogspot.com

  65. Adalto disse:

    STJ julga reconhecimento de casamento gay
    – Por Marcos Melo –
    De acordo com a coluna do jornalista Ancelmo Gois, do jornal “O Globo”, deste domingo, O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidirá nesta semana, pela primeira vez, se valida ou não um casamento gay.
    De acordo com a publicação, estará em julgamento o processo de duas empresárias gaúchas que querem se casar no civil, mas o cartório não autorizou. A decisão foi mantida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, mas elas recorreram ao STJ.
    O pastor Silas Malafaia lembra que “mesmo o Supremo Tribunal Federal aprovando a união homoafetiva (uma verdadeira afronta a constituição brasileira, no artigo 226, parágrafo 3 que reconhece a união estável entre homem e mulher e sua conversão em casamento), esperamos que o STJ não caia no ridículo do STF, porque casamento pertence as relações heterossexuais com o objetivo de preservação da espécie humana”.

  66. Leandro disse:

    Parabéns pelo texto extremamente sensato. Eu concordo plenamente, existe uma coisa de vitimização por parte dos homossexuais num geral, de dizer “eu nasci assim”, de uma forma como se pedisse desculpas por ser quem se é, e isso só reforça preconceitos.
    Tá na hora das pessoas baterem no peito e dizerem “sim, sou quem eu sou”, com tudo englobado, incluindo a orientação sexual, sem usar argumentos pra se desculpar perante uma sociedade intolerante.

  67. Tá, só uma crítica besta e idiota: por que o comentário sempre tem que ficar lá embaixo?

    Ok, menos melodrama. Não, não fiz nada disso no meu último namoro, o meu último namorado achava uma aventura, quando bêbado, beijá-lo em público em meio a uma rua deserta e nem segurar na mão dele eu podia. Particularmente eu sofri um pouco na mão de um ou outro bissexual, mas depois de muita análise eu entendi o lado deles e acho que um relacionamento com essa sexualidade pode ser pra mim problemática, não por eles, mas por resto que há em mim. No fim, tudo isso é levado pelo medo e pelo medo isso é mantido. Ter uma vitória pelo espírito gueticista que muitos gays possui, começa pela compreensão de que TEM QUE HAVER ENFRENTAMENTO. Há uma busca para sobreviver e isso se resume em uma tática de viver dentro do armário.

    Eu entendo que sair do armário faz parte da escolha individual e cada um deve levar a vida como bem quiser e da forma que mais lhe apetecer, porém, a sociedade, em si, precisa sair do armário. Não deve haver o medo de represária, como ocorre em alguns locais de trabalho, onde a apresentação dessa opção pode te tornar um alvo em potencial. A sociedade precisa sair do armário, para que alguns de nós possam ter a opção de fazer isso sem ser tolhido pelo medo em potencial de sair ferido e para tanto, há sim necessidade de leis que protejam o bom viver dessas pessoas.

  68. “Parabéns pela coragem de expor que nós homossexuais não temos a coragem necessária pra mudar tudo.”

    Poxa, eu não sabia que durante todo esse tempo que passamos sendo perseguidos, presos, torturados e assassinados, era só porque não temos coragem de mudar o mundo! Agora ficou bem mais fácil!

  69. Henrique disse:

    Oi, acabei de comprar a edição de outubro da Trip, pq aqui em Recife só chegou hoje! e foi HILAAAAAAAARIO!!!

    Tava voltando da academia e parei no jornaleiro pra saber se ja tinha chegado, ele disse q sim, e eu disse q queria uma, qdo o cara levantou p pegar e viu a capa, ele um senhor gordinho (tipo papai noel) deu um pinote, qse gritando perai q eu acho q tem outra capa, pera. Procurando desesperadamente.

    Ai eu segurei o riso e disse q podia ser essa mesmo, num tinha problema (a dos meninos se beijando). E a cara dele olhando pra minha e falando “pode ser essa mesmo?”

    kkkkk gente, não tem como não rir!!! Agora q isso é mais uma demostração de como a galera ainda tem preconceito, ahhh isso é!

  70. Tiago Henrique disse:

    Acho que a própria expressão, “diversidade sexual” diz tudo. Não temos como classificar “gays” ou “heteros” numa época onde a liberdade sexual é muito grande, e a hipocrisia também. O mesmo “hetero” que vai ao shopping com a namorada é aquele que flerta com vendedor “gay”, ou cria uma felicidade fictícia com esposa e filhos, mas na surdina se realiza na cama com outro homem. Orgias que misturam sexo “homo” e “hetero” juntos, homens operados que viram mulher, mulheres que viram homem, e por ai vai. As perversões humanas e a fantasia sexual chegam num ponto em que um homem faz a chamada “inversão” com uma mulher. E ai? Ele assume um papel de passivo, porém consuma o ato sexual com o sexo oposto ao seu. Em que categoria classificamos este exemplo? Ou a mulher que mantém suas relações com outra, porém não se satisfaz com objetos no sexo. Acho que o ser humano nasce com sua sexualidade livre pra ser explorada. Exprimentar é se conhecer. E por isso, caro jornalista da TRIP, essas definições nunca vão conseguir explicar a nossa sexualidade.

  71. Fui leitor da Trip numa época em que acreditava que poderia ser da galere estaile que viaja pelo mundo, tem cabeça aberta e vida saudável. De fato eles sempre defenderam a diversidade sexual com o mesmo afinco que levantavam a bandeira antitabagista (hum, lembrei agora pq parei de ler. brinks). Muito tempo que não pego uma edição na mão, mas é legal constatar que eles seguiram uma linha, a capa de outubro não soou gratuita.

    Por outro lado, como alguém lembrou em outro comentário a Trip sempre chegou às bancas com duas capas. Aí fica fácil, né? (bota numa capa eu pelado e na outra a Isabeli Fontana de biquini pra ver qual vende mais)

    Sério, a opçao de capa infelizmente dá força pra quem acha que tapa na cara seria ver dois caras se beijando na Globo. Pq não colocar duas mulheres se beijando na outra capa? Só que beijo no mesmo esquema da versão com os meninos, nada de lesbian chic/ bi-curious de revista masculina. Aí sim!

    Aliás, eu resolvi comentar aqui pois, depois de ler teu texto, reparei que nas bancas onde passo só vi a outra capa. Talvez o pessoal das bancas não quiseram deixar a versão mais “hardcore” à mostra. Ou então foi a que mais vendeu, olha só que legal. Eu, hetero assumido, não me choquei com a imagem que ilustrou teu post. Talvez seja um bom sinal.

    Abraço

  72. Sergio Cardoso disse:

    Lamento só agora ter chegado a este texto que faço questão de parabenizar.
    Por estas que volta e meia me deparo com a certeza de que não fiz mais do que apenas ajudar a trazer essa questão prum outro nivel. Confesso que a tal “voadora” era uma resposta há tempos sufocada por não saber exatamente como discutir essa questão publicamente. Obrigado.
    Ass: o próprio surfista da foto.

  73. Leonardo disse:

    Gostei muito (muito mesmo) dos trechos que a Trip copiou do seu texto e publicou no site oficial da revista. Já me senti estranho por ser gay e não idolatrar a Madonna e gostar de futebol. Pensei comigo mesmo, “será que não sou gay? Será que faço parte de uma minoria dentro de outra minoria?”. Aí cheguei à conclusão de que os estereótipos ainda são muito fortes, de que ainda achamos que existe um manual de comportamento para gays, negros, machões, mulheres.

    Sou gay e já me senti isolado por não usar drogas, não querer me vestir de mulher (não que isso seja um problema, mas não preciso disso pra provar que sou gay) e não ser super high profile. Outras coisas já dizem que sou gay: sou ator, gosto de dançar, gosto de moda. Mas já conheci um cara do estereótipo hétero (com barriga de cerveja, cabeça raspada, sem preocupação com o que veste) chefiar desfile de grife em Curitiba. E o cara era hétero mesmo e chegou a dizer que sofria preconceito por parte dos gays por ser o que ele era.

    Outro dia vi o Anderson Silva andando por um shopping aqui em Curitiba. Ele estava usando uma polo pink e uma bermuda rosinha. E cara, como ele é ótimo. Porque ele não poderia usar rosa? Por ser lutador, machão e homem “de verdade”? Adorei a quebra com as regras do manualzinho.

    Acho que podemos ser nós mesmos (low ou high profile) em qualquer grupo social, mas nunca as coisas dependem 100% da gente. Às vezes os grupos possuem suas regras e, quem é diferente (não estou falando de desrespeito, só de diferença), sofre o famoso “bullying”.

    Foi assim que o meu primeiro namoro acabou (recentemente =/). Por preferir tomar café de manhã durante as férias ao invés de beber vodka, por gostar de caminhar com meu namorado no parque e virar piada por isso, por não usar drogas e achar isso ruim, por não beber compulsivamente nas festas, por não fumar e escolher ficar sentado no sofá para evitar a fumaça. Estereótipo 100% completo: “é certinho, um gay Sandy, uma barbie. Ele gosta de futebol, não acha a Madonna o máximo? Não toma ácido?? Que quadrado. Ele é gay?”

    Ser gay é um detalhe e não me torna melhor ou pior que outra pessoa. Mas sei lá, parece que alguns gays acham que sua orientação os torna superiores. E a maneira que usam para celebrar isso é investir no estereótipo, nas promiscuidade, no porralouquice. A justificativa: somos gays, é isso que os gays fazem.

    Fiquei muito contente com o que você escreveu (que colei aqui embaixo). Fez com que eu me sentisse mais confortável para confiar no que realmente acredito e dizer “não”. Obrigado!

    “Sinceramente, acho que a Trip não deu um tapa na cara da sociedade e muito menos fez o que a Globo nunca teve coragem de fazer. A Trip deu um soco no estômago de todos os gays e fez o que poucos gays tiveram coragem de fazer. Essa edição não é só pra falar com a sociedade heteronormativa, mas pra dar uma bela voadora em tudo aquilo que a massa média LGBT anda fazendo. A Trip não precisou apelar pro sexismo. Não precisou reforçar a ideia do homossexual promíscuo guiado pela libido. A Trip sim respeitou o homossexual. As outras publicações só chumbaram a ideia de sexo-gueto-sexo-diva-sexosexo-consumo-diva-sexo. A Trip é corajosa e bate na cara de todos os gays por não colocar estereótipos ou fetiches. São dois homens. Eles se beijam. E isso basta. Passa a mensagem. A Trip ensina muito mais do que dizem suas chamadas. Ensina a todo mundo se misturar e parar com o pensamento segregado e de coitadismo. Ser gay é um mero detalhe. Ser gay, na verdade, não significa nada. Você é bem mais que com quem você transa ou deixa de transar.” João Márcio, do blog Eu Só Queria Estudar

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